Sociedade Filarmónica Bendadense

Sociedade Filarmónica Bendadense

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

140 Anos da Sociedade Filarmónica Bendadense


Sociedade Filarmónica Bendadense é a única banda do concelho do Sabugal

Ao longo dos 140 anos de existência, a Sociedade Filarmónica Bendadense recebeu o rei Dom Carlos e a rainha Dona Amélia, e a ainda participou na inauguração da Linha de Caminho de Ferro da Beira Alta

A maior marca da Bendada assinala 140 anos de vida

A Banda que recebeu a Rainha Dona Amélia e o Rei Dom Carlos, na inauguração do Sanatório Sousa Martins, no dia 19 de Maio de 1907, assinalou, na última quinta-feira, o seu 140º aniversário. Nascida sob a tutela do primeiro professor primário da Bendada, António Nunes da Fonseca Faria, a Sociedade Filarmónica Bendadense preocupava-se, essencialmente, com a música vocal. Hoje, a dez anos de comemorar século e meio de existência, a Banda da Bendada, aglutina diversos instrumentos, conseguindo superar as dificuldades da ruralidade e afirmar-se como marca indelével do concelho do Sabugal. O próximo desafio, que deve arrancar em 2011, é a construção da Casa da Música da Bendada, um suporte essencial para dar qualidade ao que de bom se faz no Concelho.

Certamente que já ninguém se lembra da recepção da Sociedade Filarmónica Bendadense à Rainha Dona Amélia e ao Rei Dom Carlos, na inauguração do Sanatório Sousa Martins, na Guarda, em 1907.

A história repetiu-se, passados 100 anos nas cerimónias de aniversário do Hospital da Guarda. Nesse hiato temporal, muita coisa mudou. Os elementos da banda, os objectivos e, até mesmo, as próprias dificuldades contextuais.

Inicialmente, a Sociedade inclinava-se mais para a voz enquanto instrumento. E, só passados 11 anos da sua criação, é que a Banda da Bendada conseguiu o seu primeiro instrumento. Daí até converter-se num agrupamento exclusivamente construído por instrumentos de sopro e de precursão foi um abrir e fechar de olhos.

“Felizmente, hoje, somos uma banda com muitos instrumentos. Na nossa escola de música, leccionamos aulas de saxofone, clarinete, trompete, percusão e trombone. As aulas são dadas pelo maestro, que tem formação musical, mas, também, por alguns elementos da Banda que enveredaram por essa área e que têm experiência”, sublinhou o presidente da direcção, Filipe Fernandes.

Actualmente, a Sociedade Filarmónica Bendadense é muito mais do que uma simples banda. É uma marca de uma Região fortemente castigada pela emigração mas, ainda assim, consegue resistir às dificuldades do tempo e afirmar-se como a única banda de um concelho tão extenso como é o do Sabugal.

“As pessoas da Bendada têm uma afinidade especial com o grupo, porque, ao longo dos anos, a Banda foi-se tornando na marca mais forte da Freguesia. Actualmente, é a única Banda do concelho do Sabugal, que tem 42 freguesias. É uma responsabilidade acrescida mas também é uma honra ver uma terra com cerca de 200 habitantes afirmar-se através da música”, sublinhou o dirigente.

O verão da banda é bastante atarefado. É nesta altura que os ensaios são postos em prática, nos diversos espectáculos que a Banda da Bendada participa. Maioritariamente, são no concelho do Sabugal, onde “há uma espécie de compromisso entre as Aldeias e a Banda”.

“Normalmente vivemos com o subsídio da Câmara Municipal e com o que ganhamos em cada actuação que fazemos. Do valor que conseguimos angariar, metade vai para a conta da filarmónica, que também tem as suas despesas com gasóleo, instrumentos, e o restante é divido pelos músicos”, disse Filipe Fernandes.

Futuro assegurado

A sustentabilidade da Banda é a escola de música, onde aprendem quase três dezenas de crianças. Semanalmente, aos Sábados, alguns elementos da Banda, e também o maestro Luís Andrade, dão aulas de música aos elementos mais jovens, que serão o futuro da Banda.

“Para bem da Banda os jovens da Bendada ainda se deixam cativar pela música. Hoje em dia, com a quantidade de diversões que há, é muito difícil aproximar os jovens da música, e isso ainda é mais numa zona despovoada como a nossa. Felizmente, essa dispersão na Bendada não acontece”, referiu o professor de educação musical.

Portanto, o futuro da Banda está assegurado. “Não vamos deixar morrer esta marca do Concelho”, disse Bruna, a mais jovem da Banda, à RTP.

Hoje em dia, a Sociedade Filarmónica Bendadense conta com cerca de 30 elementos, a maioria dos quais do sexo feminino, “o que não é muito normal”, admite Filipe Fernandes.

“A maioria dos nossos elementos está no ensino superior. Pelo gosto que ganharam pela música, muitos deles enveredaram pelas diversas vertentes do ramo. Temos muita gente com formação e isso é sinónimo de qualidade”, sublinhou.

CASA DA MÚSICA DA BENDADA ARRANCA EM 2011

O futuro deve trazer uma prenda para a Sociedade Filarmónica da Bendada. Há cerca de uma década, a Banda comprou a primeira parte de um terreno, junto à Escola Primária. Passados alguns anos, a direcção decidiu comprar a segunda tranche, perfazendo um total de 1000 metros quadrados onde, durante o ano de 2011, deve começar a ser erguida a Casa da Música da Bendada.

“Existe um projecto, que faz parte das ambições da direcção já há alguns anos, para que possamos rentabilizar os nossos recursos. A casa onde estamos pertence à Casa do Povo da Bendada, mas já não consegue fazer frente às necessidades da Banda. Portanto, temos um terreno com 1000 metros quadrados, para onde está prevista a construção da Casa da Música da Bendada”, sublinhou Filipe Fernandes.

O projecto vai ser candidatado ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), tem um orçamente previsto de 600 mil euros, e está a ser projectado por “pessoas da terra que não levam dinheiro nenhum e que querem ajudar a Banda”.

“Precisamos, urgentemente, de salas para leccionar as aulas aos jovens. Agora, no verão, uns tocam por cima do coreto, outros por baixo, outros na sala de ensaio da Junta de Freguesia que também disponibiliza salas porque estão sempre 4 ou 5 professores a dar aulas”, concluiu o presidente da direcção.

A futura casa da música será dotada de uma sala de espectáculos, que servirá para fazer ensaios de conjunto, terá uma garagem, onde deverá ficar a carrinha da Banda, e salas de aulas onde deve passar a funcionar a escola de música.

Por: André Sousa Martins
jornal Nova Guarda

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